sábado, novembro 11, 2017

Panteão


Às vezes, vale a pena abanar as consciências, doa a quem doer. A realização do jantar da Web Summit no Panteão foi uma dupla insensatez. De quem a promoveu e de quem a autorizou. Reconheceram isso o ministro da Cultura, o primeiro-ministro e o presidente da República. Ainda bem!

O evento tinha cobertura legal, com base num despacho do anterior governo? Já se tinham realizado jantares idênticos e ninguém protestou? Nem tudo o que é legal é necessariamente sensato. E os erros do passado não servem de alibi aos do presente e, pelo menos, podem ajudar a evitá-los no futuro. 

O normativo legal que, erradamente, permitiu o ato vai agora ser mudado. Ótimo, mais vale tarde do que nunca. Mandaria o decoro que quem o subscreveu guardasse de Conrado o prudente silêncio, em lugar de esbracejar agora, postumamente, numa ridícula tentativa de guerrilha virtual com o presente.

A regra, a partir de agora, é muito simples: à sua maneira, para além de um monumento, o Panteão é um cemitério. E não se janta em cemitérios. Ponto. Passemos à frente!

14 comentários:

Anónimo disse...

Talvez valesse a pena lembrar aos mais jovens que o Panteão Nacional de Santa Engrácia foi a única obra que o presidente do conselho Marcello Caetano conseguiu concluir durante o seu complicado mandato. Nisto ele conseguiu ir mais além do que o seu antecessor Oliveira Salazar.

Anónimo disse...


também é uma igreja
e parece que querem transformar as igrejas em tudo
discotecas, restaurantes, bares, librarias, mesquitas, salas de concerto, todo o tipo de negócio!
seremos mais felizes quando as raízes da nossa cultura cristão estiverem enterradas para sempre ?!

Anónimo disse...

E assim vamos, de 'passemos à frente' a 'passemos à frente'.

Sempre tão convictamente esclarecido, queira por favor não descentrar os que são os verdadeiros e únicos protagonistas do episódio. Haja decência, também aqui.

MJ

Anónimo disse...

Que tenha lido o "enquadramento legal" determina uma autorização caso a caso precisamente para se evitarem disparates indesculpáveis como este. Por isso só existe um culpado e bem identificado: a pessoa que tem autoridade para dar licença. Tudo o resto é um passa culpas absolutamente vergonhoso!
João Vieira

Liberal disse...

Senhor Embaixador

A proposito do... de conrado etc etc pedia-lhe que lesse a lei
La esta escarrapachado que tem de ser avaliado o pedido e so podera ou devera ser consedido
se for de nteresse e adquado ao local etc etc
desculpe esta de estar a passar diria quase que continuamente as culpas dos atuais aos outros nao me parece correta da sua parte

Todos os dias leio o seu blogue Gosto da maneira que o senhor escreve e as historias que conta Nem tanto ao mar nem tanto a serra, la diz o ditado
Liberal Correia

Anónimo disse...

Muito mais escandaloso foi a privatização da EDP, da REN, da ANA, etc, etc, ou dar dinheiro dos contribuintes para subsidiar escolas privadas, universidades privadas, ou a hospitais privados em vez de investir, no caso destes últimos, no melhoramento dos públicos. Ou salvar Bancos falidos com os nossos impostos. Isso sim, é uma vergonha e politicamente condenável. Quero lá saber do jantar da treta do Panteão. Não me tirou um cêntimo do meu bolso, enquanto contribuinte! Pelo contrário, entrou dinheiro para o cofre público, pois quem organizou teve de pagar o espaço pertencente ao Estado. Faz-se um burburinho por um "fait-divers", mas perante a gravidade do que se fez antes, que aqui refiro, as almas castas não se indignam. Há cada patriotismo (ou prurido) mais saloio! Pior também foi, por exemplo, o PM não ter tomado as medidas que se impunham com vista a evitar um novo desastre, como o que veio a acontecer, no passado Domingo, 15 de Outubro. E assim vai o país. À Direita (PSD/CDS), ao Centro (PS) e à Esquerda (BE/PCP). Patético!
João Alves da Silva

Anónimo disse...

"Não se janta em cemitérios"

Claro que não, encerram às 17horas.
Mas, garanto que se almoça.

dor em baixa disse...

A carga simbólica do local deve impedir o seu uso para determinados fins, como o do caso em apreço. Já o jantar (melhor, almoçar) em cemitérios está já aceite em muitas latitudes onde esses espaços são abertos. Cemitérios com relvados, árvores, arbustos, trilhos, clareiras, com pessoas a passear, crianças a brincar e a jogar, grupos a comer como é costume fazer nas saídas ao campo, são espaços que compatibilizam a vida que fruem os vivos com a homenagem que prestam aos mortos. Essa experiência foi ensaiada também em Lisboa quando foi concebido o Cemitério de Carnide. E estava a decorrer normalmente quando foi abandonada porque se concluiu que a terra não fazia à carne dos defuntos o que era suposto fazer.

Anónimo disse...

Dr Seixas da Costa
O Costa enquanto PRESIDENTE DA CML foi o primeiro a praticar esta indignidade
Tenha coragem de o dizer

Luís Lavoura disse...

Discordo totalmente. O Panteão Nacional não serve para nada. Com as exceções de Eusébio e de Amália, nem sequer podemos ter a certeza de que aquilo seja o cemitério de alguém. E, de qualquer forma, os túmulos são tapados quando se realiza lá alguma cerimónia. Portanto, urge, a meu ver, rentabilizar aquele espaço inútil. Com jantaradas, com concertos, com casamentos ou batizados, seja com o que fôr. O contribuinte - eu! - não tem nada que estar a sustentar vícios de um Estado pobre.

Luís Lavoura disse...

Concordo plenamente com estas palavras de João ALves da Silva, em comentário anterior:

Quero lá saber do jantar da treta do Panteão. Não me tirou um cêntimo do meu bolso, enquanto contribuinte! Pelo contrário, entrou dinheiro para o cofre público, pois quem organizou teve de pagar o espaço pertencente ao Estado. Faz-se um burburinho por um "fait-divers"

Joaquim de Freitas disse...

Li com muita atenção este tema do « Panteão ». Passei um ano do meu serviço militar em Lisboa, numa repartição do Ministério do Exército, e como este monumento se encontrava próximo do meu “hotel” da caserna da Graça, ia lá de vez em quando. E voltei lá mais tarde com a minha esposa. Confundiu-me ver como o Fado e o Futebol foram ali consagrados.
Mas no fundo, é normal. Portugal não foi por acaso o país dos três “Efes” e não continua a ser?
Ainda para mais, não encontraram nenhum local mais apropriado para instalar a Feira da Ladra…

Eu sei, no Panteão, coabitam algumas “antiguidades”, residentes ou cenotáfios, mas que fazendo parte do património espiritual duma Nação, nas Letras, na Política, e nos Descobrimentos que fizeram conhecer Portugal ao Mundo, eu ainda sou daqueles que consideram que há páginas da nossa História que deviam impor mais respeito aos governantes.

Imaginem se o “Marché aux Puces” de Saint-Ouen, vinha instalar-se na praça do Panteão Nacional , em Paris.

Aos pés de Voltaire, Rousseau, Victor Hugo, Émile Zola, Jean Moulin, Louis Braille, Marie Curie, Jean-Jaurés, Mirabeau, Jean-Jacques Rousseau, Antoine de Saint-Exupéry, Gambetta, Alexandre Dumas, père, André Malraux e tantos outros nomes gloriosos .

A Igreja de Santa Engrácia começou mal e desde 1681 a má sina persegue-a. Três séculos para a construir, e “voilà” que mesmo agora, alguns pensaram transformá-la, por algumas horas, num espaço onde espíritos “brilhantes” vêm celebrar, à volta dum jantar, a vitoria da tecnologia que fabrica os “robots” de hoje e de amanhã, destinados a substituir os homens , que, muitos, em posições cimeiras, agem e pensam já como robots, capazes de executar um programa mas incapazes de pensar no que é humanamente aceitável e digno.

Anónimo disse...

Já há muito tempo que se fazem jantares (baratos) no Panteão. Este não foi nem melhor nem pior que as dezenas que se fizeram antes e depois do despacho de 2014. Aos comentadores anteriores saliento que, graças a Deus, os ministros não têm de saber os pormenores de todos os detalhes que se passam no ministério sob sua tutela. Há regras e a administração se encarrega de as aplicar . Os ministros já se ocupam de detalhes a mais. Quanto a este caso, a DG que autorizou remeteu-se a aplicar as regras, não há nada a registar. Sou absolutamente contra este tipo de actividades neste monumento. Mas ter-se sabido pelas redes sócias e sem enquadramento da situação era a pior forma de se ter sabido de uma situação a que agora felizmente se porá termo. É um exemplo do mal que as redes sociais podem trazer
Fernando Neves

Reaça disse...

Mas porque o Outro devia ter acabado “as obras de Santa Engrácia”?
Será que Ele sabia que um dia mudavam o nome e o destino àquela igrejinha?
Ele sonhava com umas missinhas ao Domingo, mas nunca um panteão, porque esse só podia ser no Vimieiro

Fora da História

Seria melhor um governo constituído por alguns nomes que foram aventados nos últimos dias mas que, afinal, acabaram por não integrar as esco...